Seja sempre a pessoa menos importante na mesa que frequentar

Parece estranho, mas devemos frequentar ambientes em que tenhamos mais a aprender do que a ensinar. Foi assim com a minha turma de boteco. Na mesa 10 do Flor do Leblon aprendi muito mais do que aprenderia em anos de faculdade. Entre um chope e outro as lições se sucediam. Essa mesa era composta por grandes nomes da medicina no Rio de Janeiro, talvez os mais famosos. Se precisasse de uma especialidade médica ou clínica geral, sem dúvida estaria no local certo. Convivia com advogados, analistas de TI, gerentes financeiros, pessoas comuns, mas o destaque da mesa era escritor:  João Ubaldo Ribeiro, uma das pessoas mais fantásticas que conheci.

Nessa época, há vinte anos, eu notava alguma dificuldade ao falar e escrever o português, nossa língua tão maltratada. Ainda tenho muito a melhorar, mas já aprendi bastante. É uma língua difícil, mas devemos treinar diariamente para reduzir os erros que cometemos. A geração atual, vítima de métodos de ensino duvidosos e ineficazes, está conseguindo acabar com o que resta do português. A letra “R”, por exemplo, já desapareceu do final de muitos verbos.  Na minha vida tive bons professores. Lembro, com saudades, do Prof. Eneas Martins de Barros, meu professor de português no Mallet Soares, onde fiz o ginásio. Aprendi muito em suas aulas e cheguei a fazer um jornal mural, precursor dos blogs atuais. No boteco tive João Ubaldo Ribeiro como um exemplo e incentivo para sempre procurar  fazer o melhor. (Criei uma página no Facebook, Amigos de João Ubaldo. Lá estão muitas de suas crônicas publicadas aos domingos nos principais jornais e todas as fotografias que tirei no período em que frequentamos a mesma mesa.)

A leitura é, sem dúvida alguma, nosso grande professor. Devemos ler bons autores, que escrevam corretamente. Temos cronistas excelentes e alguns textos antológicos estão aqui, no Alma Carioca. O importante é ler cada frase, cada parágrafo, prestando atenção na construção da narrativa, na pontuação, tentando entender o pensamento do autor.  Infelizmente, muitos não se consideram analfabetos, mas não entendem aquilo que leem.

Sugestões de leitura:

Cenas do filme “Vidas em português”

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