O outro lado da verdade ou a verdade de cada um

Quando criaram o Juizado de Pequenas Causas, o principal objetivo foi dar solução rápida a causas consideradas de pequeno valor, desafogando a Justiça.  Isso funcionou muito bem, até que um dia o esperto ser humano viu aí a possibilidade de obter ganhos extras. Tudo era motivo para entrar com uma ação e, quem sabe, ganhar alguns trocados. Se perdesse a causa, não teria nada a lamentar e continuaria no seu caminho, procurando novas vítimas. Isso durou um bom tempo e, embora em menor escala, perdura até hoje.

Como para toda ação existe uma reação, a manobra logo foi logo percebida. Muitos Juízes passaram a considerar a maioria das causas como “improcedentes”, eliminando demandas que não deveriam existir de fato mas, até mesmo, rejeitando outras que mereceriam uma análise mais apurada e punição do culpado.  Paga o justo pelo pecador.

pequenas causas

Nas “Pequenas Causas”, geralmente estão envolvidas duas pessoas, ou pessoas e empresas.  Quem entra com a ação está convicto dos seus direitos e para ele só há uma sentença possível. Perder a causa? Nem pensar. E se acontecer? Culpar o Juiz, acusando-o de preferir o caminho mais fácil e ter considerado o pedido improcedente? E se, apesar de todas as evidências, ele estiver certo na sua interpretação? Já procurou entender a verdade do réu,  de quem está do outro lado?

Vivemos atualmente um momento de muita intolerância para com o próximo. Os ânimos estão acirrados. Todos são inimigos até que provem o contrário.  Discute-se por nada, principalmente por coisas que não podemos mudar. Nossas ideias devem prevalecer sempre. Não é assim que as coisas devem funcionar.

Antes de apelar para a intermediação de um Juiz, devemos ter serenidade e nos posicionar como se estivéssemos do outro lado. Façamos de conta que somos atores de um espetáculo teatral e vamos mudar de personagem. Somos o outro e estamos sendo acionados na Justiça. Tivemos culpa? Merecemos isso? Faríamos o mesmo com quem nos processa? Devemos perdoar? E se tivesse acontecido comigo, seria justo ser processado?

Meu pai, em sua sabedoria, sempre dizia que “mais vale um mau acordo do que uma boa causa”.

Além de tudo, como se não bastasse o aborrecimento e a perda de tempo, qualquer demanda altera nossas vibrações. Sentimentos negativos não nos fazem bem, muito pelo contrário. E a vida é curta para que levemos muita coisa a sério. Enquanto nos preocupamos com bobagens, a vida segue e não estamos aproveitando as oportunidades de felicidade que surgem a cada instante.

Acabou a tolerância e a compaixão? Não tiremos conclusões precipitadas. Não nos cabe julgar. Cada um tem suas pedras no sapato, seus problemas, suas dores.

Menos ódio, mais amor!

Carpe Diem!