Nada de novo no front

Quem vive no Rio de Janeiro sabe o que é viver em uma cidade violenta, em guerra permanente. O mais complicado é não poder identificar o inimigo. Ele não tem identidade própria. Pode ser um traficante, um pivete menor de idade, um miliciano, um simples cidadão até então pacífico.

Uma simples ida ao cinema ou à praia pode se transformar em tragédia. Balas perdidas, arrastões nos congestionamentos, roubos de celulares, fazem parte da rotina do carioca. Impossível se acostumar com esse estilo de vida.

New York já foi uma cidade violenta.

Não é preciso viajar ao exterior, até mesmo para Nova York, cidade que já foi considerada violenta, para sentir como é possível transitar em segurança pelas ruas, despreocupado, sem medos e receios, falando ao celular, com sacolas de compras, sem ser roubado na próxima esquina. Em Nova York, a cidade que nunca dorme, não há horários inseguros. O rigor da lei, penas severas, mudou o quadro. No Brasil, particularmente no Rio de Janeiro, ninguém sai de casa despreocupado. Os roubos, por mais simples que sejam, são seguidos de violência desnecessária, com ferimentos graves e até fatais. Muitos já perderam a vida por entrar em uma rua considerada proibida pelos bandidos, embora seja asfaltada, sinalizada, e aparecendo nos GPS dos automóveis como alternativa para escapar do trânsito pesado. Um atalho para a morte.

É possível reverter esse quadro? O que nos levou a esta situação, agora incontrolável?

A origem de tudo está na falta de educação e miséria da população carioca, além da impunidade. Os criminosos, mesmo presos em flagrante, conseguem a liberdade na mesma semana, até mesmo no mesmo dia. A população mais humilde, que mora em favelas, agora chamadas de comunidades para mascarar a vergonhosa condição em que vivem, convivem com a imundície, valas negras, falta de saneamento e serviços básicos. O Estado não se faz presente, não cumpre o seu papel. As escolas não ensinam pois falta autoridade aos professores. A miséria aumenta pois faltam empregos para quem não tem qualquer qualificação profissional. As crianças crescem sem aprender o básico de português e matemática. Quando dizem que o desemprego cresce no Brasil, não me surpreende. Falta qualificação profissional ao candidato.

A ignorância interessa aos políticos, pois faz da população massa de manobra, sem questionar seus direitos, aceitando qualquer cesta básica ou bolsa família como um cala-boca. Haja vista a aprovação de políticos comprovadamente corruptos, ricos às custas da miséria da população, e que poderiam ser eleitos se novamente candidatos.  Estes políticos procuram nivelar por baixo, tornando todos miseráveis. Os mais esclarecidos são considerados inimigos do partido. É uma guerra sem fim, mas pelo menos está substituindo a passividade do povo. O Brasil está mudando, o mundo está mudando. Que ainda haja tempo!