Casa da Tia Ciata, onde o samba nasceu

Para a abertura da Av. Presidente Vargas, os quarteirões das ruas Visconde de Itaúna e Senador Euzébio foram demolidos. As duas ruas formam as pistas laterais da grande avenida carioca, entre a Praça da República (Aclamação) e o Viaduto dos Marinheiros. No trecho anterior, entre a Praça da República e a Candelária, as ruas tinham os nomes de General Câmara e São Pedro.

Na rua Visconde de Itaúna, na cidade nova, vivia Tia Ciata. Em sua casa se reuniam grandes sambistas. Com a abertura da avenida e demolição das casas, a sua foi preservada por não fazer parte do bloco central. Mais tarde, com a demolição que deu origem à Cidade Nova e ligação do Catumbi com Laranjeiras, todas as casas antigas, remanescentes daquela época, foram demolidas, entre elas a da Tia Ciata.

O Dicionário Cravo Albin, de Música Popular Brasileira, fala da Tia Ciata:

“Cozinheira. Mãe de santo. Animadora cultural. Dona da casa onde se reuniam sambistas e onde foi criado o primeiro samba gravado em disco, “Pelo Telefone”, assinado por Donga e Mauro de Almeida.

Há controvérsias sobre a data de nascimento de Tia Ciata. Alguns pesquisadores afirmam que a data correta é : 23/4/1854.

Tia Ciata (seu nome é encontrado também grafado como Siata, Aciata, Assiata ou Asseata) chegou ao Rio de Janeiro em 1876, aos 22 anos, indo residir inicialmente na Rua General Câmara. Em seguida, residiu na Rua da Alfândega e depois na Rua Visconde de Itaúna (próxima à Praça Onze).

Tia Ciata tirava seu sustento da cozinha típica baiana. Ela vendia quitutes em seu tabuleiro entre as ruas Uruguaiana e Sete de Setembro, e também no Largo da Carioca. Logo se destacou entre as baianas festeiras introdutoras da dança do sombra no Rio de Janeiro, e passou a promover sessões de samba em sua casa, na qualidade de Batalaô-omin. Realizava igualmente rituais de culto aos seus orixás africanos. Cada vez mais popular, Tia Ciata recebia em sua casa um grande número de políticos, boêmios, músicos e batuqueiros que lá iam saborear seus pratos típicos, principalmente sua moqueca. Foi numa destas reuniões que nasceu o samba “Pelo telefone”, de Donga e Mauro de Almeida.”